Estou fazendo terapia há pouco mais de um ano. Acho que faz muito bem
para a mente e para o coração. É uma coisa que sempre tive vontade de
fazer para resolver algumas angústias que eu tenho, e depois de muito
tempo finalmente tive essa oportunidade. Conheci então a psicologia sistêmica,
uma linha da ciência que lida com o todo, com as nossas relações com o mundo e conosco.
Cheguei para a terapia levando algumas questões, aprendi a lidar com
elas e com várias outras que foram surgindo ao longo do caminho e continuo, num processo longo, lento e engrandecedor.
Um
dos meus maiores defeitos é a minha ansiedade. Ela tira meu sono, me
atrapalha, me distrai, faz com que eu me bagunce e algumas vezes até me
prejudique. Às pressas de fazer as coisas, acabo por deixá-las
inacabadas ou incompletas. Quebro algo, esqueço das coisas, faço estabanagens, me machuco... É uma tragédia!
Enfim, tem jeito para se resolver isso?
Uma forma de melhorar é
fazer autoterapia. Refletir, refletir, e se possível, registrar para não esquecer e sempre reforçar. Escolher um dia
na semana e um horário específico para parar, pensar e escrever.
Escrever quais são os problemas, o que os causa, como sabemos que eles
estão acontecendo e como lidar na hora em que acontecem ou mesmo antes,
quando já percebemos que temos um dia ou um momento mais agitado, antes
que as coisas cheguem à erupção de nossos pensamentos desesperadores.
Fiz
uma lista de algumas coisas que me acalmam. Na nossa rotina, é tudo tão
corrido, é tanta coisa pra lembrar, pensar, fazer, que as vezes a gente
esquece do que é mais simples e importante. Prazeres diários. Tudo o
que nos proporciona prazer, bem estar e paz. O dia a dia já é muito
estressante, se não tivermos nossas rotas de fuga para refugiarmos o
nosso coração, ele não aguenta.
Depois desse tempinho de
terapia, aprendi algumas coisas sobre mim. Algumas coisas que eu
realmente gosto de fazer, algumas que quero fazer rotina, outras que não
podem faltar no meu repertório semanal, mensal, de vez em quando, num
dia de chuva, de sol, no momento de solidão, de solitude, e também, em
boas companhias.
1 - Respirar.
Uma
coisa tão simples, não é? Pois é, mas chega a ser tão trivial que eu não
estava nem conseguindo fazer direito de tão ansiosa. Estava perdendo
meu ar. O peito ardia, o coração acelerava e é como se o ar não entrasse
direito. Isso acontecia diversas vezes, quando pensava demais, me
chateava, me emocionava. Aprendi algumas técnicas de respiração, aprendi
a me acalmar, e aprendi que respirar me acalma.
Quando a ansiedade bate à porta, pare, respire, respire, respire, respire. O coração vai acalmar. Depois disso, pense. Fica mais fácil pensar.
Essa foi a técnica que eu aprendi,
mas ao invés de fazer a contagem de 3 segundos, você escolhe qual a
melhor para você. 3 segundos as vezes pode ser muito. Quando estamos
deitados para dormir, antes de pegarmos no sono, respiramos bem devagar,
e é uma respiração tão calma, tão tranquila, que relaxamos
completamente e apagamos. Essa é a respiração perfeita para acalmar o
coração, vale a pena prestar atenção nesse momento do nosso dia e ver a
quantidade de segundos necessários para inspirar, segurar e expirar. O
resultado é incrível! Nunca mais fiquei sem ar.
2 - Musicar.
A
música é a paz que meu corpo encontra vibrando junto às frequências
captadas pelo meu ouvido. Músicas bonitas, melodiosas, músicas que tocam
lá no fundo da alma. Para tal, gosto de criar todo um ambiente de
relaxamento: pouca luz, velas, incensos e ela. A música. Sou capaz de
passar horas em estado de meditação, em uma posição bem confortável,
olhos fechados, divagando nas letras e nas notas musicais. Daí me
acalmo. Com a música, também faço as próximas duas coisas a seguir.
3 - Dançar.
A
dança para mim tem um significado muito especial, muito bonito e muito
profundo. Inseparável da música, a dança é a língua da minha alma.
Embalada por sons nostálgicos, automaticamente as mãos e os braços
ondulam pelo ar, formando círculos e curvas delicadas. Danço sem passo,
deixo os movimentos fluírem com as notas e os instrumentos, me entrego a
um estado de paz e meditação e me sinto cheia de energia e amor.
4 - Cantar.
Sem
querer, a música me transporta, e logo começo a cantar. Faço de meu
canto uma atração única e imperdível, onde sou platéia de mim e me dou o
prazer de me expor e também me ouvir.
5 - Cozinhar.
Na
cozinha encontrei mais uma paixão. Adoro comer coisas bonitas e
gostosas, e mais do que isso, adoro criá-las. Juntar ingredientes, fazer
combinações e ter resultados incríveis. A maior satisfação de alguém
que cozinha é a alegria que uma comidinha bem preparada traz para quem a
degusta. Não nego que mesmo nesse momento, a música também se faz
presente, agregando bem estar e um pouquinho de amor em cada feito. Não é a toa que nasceu o
Luiza Prendada!
6 - Exercitar!
Malhar
é uma das coisas que fazem parte da minha rotina. Não porque é
necessário, não porque tenho objetivos e almejo determinados resultados -
também é importante, mas não é a minha prioridade. O importante é o
prazer que malhar me proporciona. No começo não gostava de musculação,
mas no dia a dia aprendi a ter carinho porque é um momento onde estou só
comigo mesma e fazendo algo para cuidar de mim. Malhar é um prazer, e
mais do que malhar, pedalar e correr. Quando os pensamentos não cabem em
mim, correr é a melhor opção. Correr é uma forma de extravasar a raiva,
a angústia, a ansiedade. Correr é uma forma de gastar a energia que
meus pensamentos excessivos roubam. É trabalhoso, mas é gostoso e
prazeroso. E no final, só restam hormônios da felicidade e bem estar
para o corpo. É maravilhoso!
7 - Conversar.
Conversar
é uma coisa que tenho feito pouco, mesmo com a tecnologia de temos, o
dia a dia mal nos dá tempo para resolver as nossas coisas, e os diálogos
das redes sociais e dos encontros casuais são sempre muito supérfluos e
rápidos. Conversar me acalma. Jogar conversa fora, falar de coisas
sérias, de bobagens, falar por horas! Isso já é exceção, mas é algo que
preciso fazer de vez em quando. Conversar, pessoalmente ou não, mas de
preferência ao vivo e a cores. Já não se tem muito tempo para se
escrever cartas. Nem mesmo aqueles longos e-mails. Estar juntos é sempre
uma boa oportunidade de se matar saudades. Sinto muita saudade de
muitos amigos e muitas pessoas preciosas...
8 - Ler.
A
leitura é um outro universo paralelo de bem estar. É uma forma de nos
transportarmos a outros mundos, outras histórias, outras ideias. Gosto
de ler coisas bonitas, gosto de descrições que levam a minha imaginação
junto. Aqui recomendo um clássico que faz bem para o coração:
O Jardim Secreto, de Frances Hodgson Burnett. É um livro infantil com belezas inimagináveis e mensagens preciosas.
9 - Estudar.
Aprender
é uma outra forma de exercitar, só que o cérebro e a mente. Nunca é bom
ficar parado, devemos sempre estar em movimento e nutrir nossas
faculdades mentais com conhecimento e sabedoria. Fazer cursos, formações
continuadas, aprender línguas, danças, técnicas, artesanato, qualquer
coisa que tenha um resultado positivo em nossas vidas, ou mesmo
negativo, contanto que seja um aprendizado.
10 - Amar.
Amar
é uma das coisas que mais acalma o coração. Amar é expor nossos
sentimentos gostosos. É quando eu acordo de manhã cedo e faço carinho
nos gatinhos carentes, quando passo o maior tempo com uma pequena
ronronenta no colo, é quando faço um carinho de bom dia em quem gosto,
quando dou um abraço bem gostoso no papai, na mamãe, quando digo que
estou com saudades, quando digo "Eu te Amo". O amor não pode faltar
nunca, em nenhum dia sequer.
Esses
são alguns prazeres da vida que eu tenho. Algumas coisas que me
alegram, me acalmam e me enaltecem como pessoa. Com certeza você também
tem os seus prazeres. Reflita também, liste-os, descubra-os,
pratique-os, sempre. O que te acalma?